domingo, 25 de setembro de 2011

Abertas as portas para viajar no tempo?



Abertas as portas para viajar no tempo?

A confirmação da existência de uma partícula mais rápida que a luz vai abrir portas à hipótese de se poder "viajar no tempo", defendeu Gaspar Barreira, o investigador português do Conselho da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN).
A existência de algo mais rápido que a luz não deveria acontecer de acordo com a teoria de Einstein que tornou famosa a equação “E=mc2”. No entanto, o CERN anunciou na quinta-feira uma experiência que defende que os neutrinos são 60 nanossegundos mais rápidos do que a luz.

“Se esta experiência se confirmar haverá uma enorme revolução na física, que trará graves consequências, porque há uma quantidade de coisas que achávamos que estavam descobertas e afinal não estão”.

Gaspar Barreira lembra que caso haja a confirmação da descoberta, esta vai “mexer com o princípio da causalidade” e até permitir a hipótese de se poder “andar para trás no tempo e condicionar no futuro uma acção do passado”.

"O mundo é muito mais complexo do que as nossas teorias científicas. Não fazemos a mais pequena ideia do que se passa com 95 por cento do universo", lembrou o também presidente do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP).

Gaspar Barreira estava na reunião mensal do CERN, em Genebra, quando soube os resultados da investigação, que só viriam a ser publicamente divulgados horas mais tarde. “Há resultados que eu esperava, mas nunca este. Há poucas gerações que podem viver estas experiências”, disse, emocionado, o cientista, que acredita que os próximos anos sejam de grandes descobertas, "tal como aconteceu na viragem do século passado".

O físico explicou a experiência agora revelada: "Foi disparado um feixe de neutrinos do acelerador de partículas situado perto de Genebra para um laboratório subterrâneo em Itália, a 730 quilómetros de distância". Resultado: o neutrino viajou 60 nanossegundos mais rápido que a velocidade da luz.

Para já apenas um resultado experimental

Os investigadores envolvidos neste projeto já pediram à comunidade científica internacional que confirmem ou excluam esta a experiência. “Isto não é uma descoberta, é um resultado experimental que é preciso confirmar”, sublinhou Gaspar Barreira.

Retirado de CiênciaHoje

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Professores visitam o maior reactor de Fusão Nuclear



Experiência aproxima investigação das futuras gerações

Doze professores do ensino secundário visitaram o maior reactor de fusão nuclear da Terra (JET), no Reino Unido, na semana passada.

A oportunidade surgiu do 1º Workshop sobre Fusão Nuclear, organizado pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), unidade de investigação do Instituto Superior Técnico, ao qual concorreram 75 docentes de vários pontos do País.

O workshop também incluiu uma introdução à física, tecnologia e engenharia da fusão nuclear, através de várias aulas proferidas por investigadores do IPFN e do JET, e de visitas aos laboratórios do IPFN.

A visita ao JET “foi muito importante, pois apesar de ser professora do ensino secundário sabia muito pouco sobre a tecnologia associada à formação de plasmas e à própria Fusão Nuclear”, revela Marília Peres ao Ciência Hoje.

Para a docente de Física e Química da Escola Secundária José Saramago, em Mafra, a formação que decorreu no IST também “proporcionou conhecimentos relevantes”.

O que mais a surpreendeu no JET foi observar a tecnologia associada à formação dos plasmas e à fusão nuclear e os avanços e melhorias que se tem obtido nesta área. “Se os meus conhecimentos numa área da Física melhoraram, de certeza que se irá reflectir nos conhecimentos dos meus alunos”, constata.

Teresa Duarte, outra das professoras seleccionadas, conta que concorreu ao 1º Workshop sobre Fusão Nuclear do IPFN para aprender um pouco mais sobre o tema. A docente de Física e Química do Agrupamento de Escolas de Albergaria-a-Velha quer “ensinar e motivar melhor os alunos num campo do conhecimento que, para além de muito interessante, tem tanto para dar à humanidade”.



A visita ao JET durou dois dias
Nos dois dias de visita ao JET, Teresa Duarte ficou surpreendida com o reactor tokamak e com a sala de controlo onde decorriam as experiências. “Foi uma oportunidade única", afirma.

Cientistas educam-se hoje

A fusão nuclear faz parte do currículo do secundário e a aproximação entre a universidade e os professores responsáveis por leccionar este tema aproxima a actividade de investigação das futuras gerações. “Ao trabalharmos com os professores estamos a ajudá-los a enquadrar a matéria que irão leccionar”, explica Bruno Gonçalves, cientista do IPFN.

Na visita ao JET, os professores puderam testemunhar em primeira mão o entusiasmo dos investigadores, os desafios que enfrentam e o produto de muitos anos de investigação. Quando “transmitirem este entusiasmo aos alunos estarão a contribuir para a formação de futuros engenheiros e investigadores”, afirma.

Para Bruno Gonçalves a educação científica cultiva-se desde muito cedo e são os professores do secundário que têm um papel essencial em estimular a sede de conhecimento nos alunos. “As futuras gerações de investigadores e cientistas educam-se hoje”, sublinha.

O que é o JET?
O JET (Joint European Torus) é o único dispositivo de fusão nuclear por confinamento magnético capaz de operar com misturas de deutério e tritio. É colectivamente utilizado por mais de 40 laboratórios membros da EFDA (European Fusion Development Agreement), um acordo em que Portugal é representado pelo IST, contribuindo para o programa mais de 350 investigadores e engenheiros de toda a União Europeia e da Suíça.


2011-09-15

Por Susana Lage

sábado, 10 de setembro de 2011

Portugal participa na maior experiência de fusão nuclear


IPFN contribui com dezoito investigadores
Bruno Soares é responsável pela participação portuguesa no JET

Portugal tem a quarta participação mais importante nas campanhas experimentais do maior reactor experimental de fusão nuclear actualmente em operação na Terra, o tokamak JET.

A seguir à Alemanha (21 por cento), Reino Unido (16.9 por cento) e França (12 por cento), a participação lusa é de 7.5 por cento do total de investigadores e é assegurada pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), unidade do Instituto Superior Técnico (IST), Lisboa.

São dezoito os investigadores do IPFN seleccionados a nível europeu para tomarem parte nesta experiência, no período entre Junho de 2011 e Março de 2012.

Em entrevista ao Ciência Hoje, Bruno Soares Gonçalves,responsável pela participação portuguesa no JET, explica que “na equipa existem vários especialistas em diagnósticos (espectroscopia, feixes de iões pesados, raios-X, reflectometria de microondas), análise de dados e interpretação dos resultados experimentais, teoria e modelização e controlo e aquisição de dados”. Existem ainda “dois operadores qualificados (Session Leaders) que se encontram entre o número limitado de investigadores que podem operar o dispositivo experimental (menos de 20) e durante este período mais três investigadores irão ser treinados para se tornarem Session Leaders”.

De acordo com o cientista do IPFN, esta participação “representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido e qualidade dos investigadores que participam no programa Europeu de Fusão. É uma importante demonstração do sucesso da Associação EURATOM-IST, liderada pelo IPFN, um projecto que completou o ano passado 20 anos de actividade que contribuiu para uma participação activa de Portugal no desenvolvimento de ciências e tecnologias de ponta com aplicação à fusão nuclear”.

André Neto, Ivo Carvalho e Diogo Alves foram os três investigadores do IPFN seleccionados para serem operadores qualificados deste grande dispositivo experimental. Tratam-se de investigadores “formados em Engenharia Física Tecnológica no IST, que desenvolvem trabalho na área de controlo e aquisição de dados e física experimental”, refere Bruno Soares Gonçalves. E “foram seleccionados após participarem num curso de formação para Session Leaders organizado no JET, no qual se destacaram com uma nota bastante elevada na avaliação do fim do curso”, acrescenta.
Solução energética

Interior do tokamak JET com sobreposição de uma fotografia do plasma (à direita)

O reactor tokamak JET localiza-se em Culham, Oxford, no Reino Unido e é o “único dispositivo de fusão nuclear por confinamento magnético capaz de operar com misturas de deutério e tritio. É colectivamente utilizado por mais de 40 laboratórios membros da EFDA (European Fusion Development Agreement), um acordo em que Portugal é representado pelo IST, contribuindo para o programa mais de 350 investigadores e engenheiros de toda a União Europeia e da Suíça”, refere Bruno Soares Gonçalves.

“Desde 2000 que a participação portuguesa no JET tem vindo a aumentar, reflectindo a elevada qualidade e o reconhecimento internacional dos investigadores do IPFN. Actualmente encontra-se em construção um reactor de maiores dimensões (ITER) que visa a demonstração da viabilidade científica e tecnológica da energia de fusão. O JET foi um passo necessário para testar muitas das tecnologias que irão ser usadas no ITER, sendo também crucial para a formação da futura geração de investigadores que irão trabalhar na construção e operação do ITER”, continua.

As reacções de fusão nuclear são semelhantes ao processo que fornece a energia ao sol e às outras estrelas. Como explica Bruno Soares Gonçalves, “a investigação em fusão nuclear visa a produção de energia eléctrica com base no aproveitamento energético da energia libertada nestas reacções. A fusão nuclear é potencialmente uma fonte de energia capaz de fornecer electricidade de base sem emissão de gases causadores do efeito de estufa, com combustível abundante (o deutério extrai-se da água do mar, assim como o lítio, do qual se produz o trítio necessário) e incomparavelmente mais segura e limpa que os reactores actuais, baseados em fissão nuclear”.

Segundo o investigador do IPFN, “o JET foi o primeiro dispositivo de fusão a produzir uma quantidade significativa de energia de fusão, demonstrando que a investigação nesta área poderá fornecer uma solução energética para o futuro”.

Reirado de Ciência Hoje

sábado, 3 de setembro de 2011